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A equipe do Laboratório de Fisiologia do INCQS/Fiocruz explica que nanomateriais (NMs) já são utilizados em diversas áreas como materiais industriais, alimentos, têxtil, cosméticos, medicina regenerativa, implantes, vetorização de fármacos, dentre outros. Um ponto crítico no estudo dos NMs é referente à sua toxicidade, em relação às outras escalas, uma vez que já foi demonstrando que esta pode ser maior que a do mesmo material confeccionado em escala micrométrica. Os testes toxicológicos mais utilizados para substâncias químicas são os preconizados pelos guias da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD).

Em 2006 a OECD criou um grupo de pesquisadores, com o intuito de verificar se os guias eram aplicáveis aos NMs, sugerir melhorias, novas metodologias e adequações para que a toxicidade possa ser devidamente avaliada. Contudo, apesar desses guias serem aceitos pelas agências regulatórias, não são específicos para nanotoxicologia e em muitas vezes necessitam de adaptações na execução. Assim, não é possível uma determinação 100% precisa do risco/benefício dos NMs, gerando a necessidade de ampliação dos testes disponíveis.

O uso do zebrafish como modelo animal experimental, tem se destacado nos últimos anos devido a fatores como seu pequeno porte e econômica manutenção quando comparado com roedores, embriões transparentes e alta taxa de reprodução.

Nos guias da OECD para avaliação toxicológica, destaca-se o nº 236 - Teste de Toxicidade Aguda em Embrião de Peixe, já aplicado com sucesso a uma ampla gama de substâncias com modos de ação e características químicas distintas, e já devidamente implementado no Laboratório de Fisiologia do INCQS/Fiocruz.

“Uma vez que os NMs já podem ser encontrados em medicamentos, cosméticos, saneantes e outros produtos, o desconhecimento acerca do risco destes materiais se torna um importante alvo de pesquisa, de forma a dirimir possíveis agravos à saúde da população. Pensando nisso, nosso laboratório vem utilizando o modelo zebrafish em ensaios de toxicidade de NMs desde o início de 2022, gerando resultados promissores a partir da testagem de três diferentes nanopartículas, e ampliando cada vez mais o número de amostras diferentes”, declaram Magno Maciel Magalhães e Renata Jurema Medeiros.

2º Projeto aprovado: Zebrafish como modelo experimental para estudo de doenças hematológicas

Equipe participante do INCQS:
Renata Jurema Medeiros
Magno Maciel Magalhães
Gabriele Fátima de Souza
Thais Morais de Brito.

Equipe do Laboratório de Patologia do IOC:
Marcelo Pelajo Machado
Jackline de Paula Ayres da Silva
John Douglas de Oliveira Teixeira

Este projeto é uma parceria entre o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e o Laboratório de Fisiologia com o biotério zebrafish INCQS/Fiocruz e visa utilizar este modelo animal para estudo da hematopoiese e de doenças hematológicas possibilitando o desenvolvimento de novos alvos terapêuticos e tratamento personalizado, através do desenvolvimento de uma plataforma para avaliação da evolução de tumores líquidos (hematopoiéticos) e teste de drogas-alvo para tratamento personalizado, o que permitirá o melhor entendimento dos mecanismos de transformações neoplásicas.

As etapas do projeto envolvem a injeção de células de linhagens neoplásicas hematopoiéticas para padronização e desenvolvimento do modelo, que poderá ser oferecido como uma plataforma para estudo de evolução clonal e teste de drogas. Com relação às lacunas da hematopoese normal do zebrafish adulto, pretendemos investigar o papel das células pigmentares sobre a hematopoese e desenvolvimento tumoral, através da injeção das células tumorais, citocinas, e inibidores de melanogênese e observar se há modificação do microambiente hematopoiético renal.

Este projeto tem impacto científico sobre o conhecimento do comportamento das células pigmentares no sistema hematopoiético, bem como a relação destas células ao desenvolvimento das células tumorais.  Com relação ao impacto na sociedade, este projeto visa o desenvolvimento e disponibilidade de uma nova plataforma de testes de tumores e drogas-alvo para tratamento desses tumores, de forma mais rápida do que os modelos disponibilizados atualmente.