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Publicado em 21/12/2022

 Por Pablo Pires (INCQS/Fiocruz)

Um estudo, publicado na revista Visa em Debate (clique aqui e confira o artigo na íntegra), constatou um aumento de notificações de eventos adversos relacionados ao uso de medicamentos (conhecidos como EAM) entre idosos com idade igual ou superior a 65 anos. Levantada entre 1o de janeiro de 2019 e 30 de junho de 2021, a pesquisa contabilizou uma média de 195 registros mensais de suspeitas de EAM, com um total de 2.924 notificações no período pré-pandemia. Durante a pandemia, essa média mensal subiu para 651, com uma totalidade de 9.771 notificações. “Nossa principal fonte de informação foi o VigiMed, um sistema de registro de suspeita de EAM disponibilizado pela Anvisa desde dezembro de 2018”, conta a farmacêutica Cristiane Rezende, uma entre os sete pesquisadores envolvidos no estudo.

EAM Visa Peter Ilicciev

Suspeitas de eventos adversos ao uso de medicamentos cresceu entre idosos durante a pandemia
Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

Para Rezende, um dos principais motivos para esse aumento foi o estímulo dado aos profissionais de saúde para que, durante a pandemia, registrassem no VigiMed as suspeitas de EAM observadas. Nesse sentido, destacam-se as notificações envolvendo fármacos em uso off-label, sobretudo no início da pandemia. “O termo off-label é empregado quando um medicamento é utilizado de forma diferente do que está em sua bula”, explica Rezende. As vacinas contra Covid-19 também contribuíram para aumentar a média. Para elas, contudo, são imprescindíveis alguns esclarecimentos para evitar mal-entendidos: “eu mesma registrei os sintomas leves, como os calafrios e as dores no braço, que meu pai sentiu quando foi vacinado”, explica a pesquisadora. “Ou seja, é preciso deixar claro que essas notificações não colocaram nem a segurança, nem a eficácia desses imunizantes em questão”, completa.

Apesar do aumento nos registros, a pesquisa destaca haver ainda uma subnotificação muito grande de EAM. “A participação de todos é importante, pois esses dados são fundamentais para se aprimorar e atualizar as bulas dos medicamentos”, afirma a farmacêutica. Ou seja, o VigiMed disponibilizado pela Anvisa é uma plataforma que precisa ser divulgada para que a própria população registre suas experiências. Igualmente, profissionais de saúde precisam ser treinados e estimulados a utilizá-la. “É uma ferramenta fácil de usar, ou seja, todos podem contribuir”, conclui Rezende

A pesquisa de Rezende chama-se Eventos adversos a medicamentos entre idosos no Brasil antes e após o início da pandemia da Covid-19 (clique aqui para conferir o artigo na íntegra) e foi publicada na edição de agosto de 2022 da Visa em Debate, revista científica publicada pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da Fiocruz. Além da farmacêutica, são também autores Bruna Souza, Kirla Detoni, Helaine Capucho, Mário Rosa, Nelson do Carmo e Mariana Gonzaga.