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Publicado em 20/09/2022.

 Por Pablo Pires (INCQS)

Uma boa organização de arquivos, bibliotecas e museus é indispensável para o trabalho de qualquer pesquisador ou estudante. Em vista disso, Alexandre Medeiros, bibliotecário do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da Fiocruz, criou um conjunto de diretrizes, cujo intuito é o de melhor estruturar e ordenar as informações sobre os dados (os chamados metadados) de objetos e documentos digitais relacionados às ciências da Saúde e disponibilizados na web. A proposta encontra-se em sua tese de doutorado, intitulada Integração de recursos informacionais do patrimônio cultural da saúde (clique aqui para ter acesso ao texto integral).

Alexandre Medeiros é servidor da biblioteca do INCQS - foto: Pedro Paulo Gonçalves (INCQS/Ficoruz)

 

Desde seu surgimento, a internet facilitou o acesso à informação. Computadores, contudo, não são capazes de relacionar semanticamente os objetos pesquisados. Dito de outra forma, a ação humana é imprescindível para que as máquinas designem um sentido entre os elementos de uma determinada pesquisa. “Quando eu digo o cão mordeu o menino, o verbo mordeu dá um tipo de coerência à frase; se mudo o verbo, a semântica passa a ser outra”, ilustra Medeiros. É essa semântica que, por exemplo, permite a inteligência artificial relacionar e sugerir um artigo digitalizado de Carlos Chagas a um internauta que, eventualmente, tenha buscado uma foto do microscópio usado pelo cientista.


O exemplo acima não é aleatório. Medeiros de fato utilizou a doença de Chagas como estudo de caso para seu trabalho. O bibliotecário debruçou-se sobre a historiografia da enfermidade enquanto analisava fotos, registros de eventos, textos científicos e inúmeros outros documentos de época. “Investiguei a dita primeira fase da descrição da doença, que vai de 1908 até 1913”, conta. Compreendendo o contexto histórico, Medeiros desenvolveu uma espécie de vocabulário semântico que possibilitasse a um computador estabelecer diversos vínculos entre os objetos digitalizados que inventariou. “É um vocabulário básico para que esses objetos culturais possam ser melhor descritos e encontrados na web”, explica.

Medeiros estabeleceu uma semântica para relacionar objetos históricos da doença de Chagas

Imagem: Alexandre Mendes (INCQS/Fiocruz)

A partir do estudo de caso, Medeiros propôs então diretrizes mais gerais, passíveis de serem empregadas por qualquer curador, independentemente do software ou sistema informacional utilizado. O bibliotecário agora trabalha junto à Fiocruz para aprimorar os sistemas de catalogação e busca da Fundação. A tese de Medeiros foi escrita na Universidade de Coimbra, Portugal, e defendida em 2021.