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Publicado em 04/04/2022.

Por Penélope Toledo (INCQS/Fiocruz)

Imagem: Mariana Queiroz (INCQS/Fiocruz)


Nesta entrevista, as coordenadoras do Núcleo Técnico de Artigos de Saúde (NT-AS) do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), Renata Dalavia e Ana Paula Alcides, respondem a estas e outras perguntas, no intuito de melhor orientar a população sobre o tema. 

Elas abordam questões como quem deve usar, quais os tipos recomendados, cuidados que devem ser observados pelos usuários, o trabalho de controle da qualidade feito pelo INCQS/Fiocruz, critérios utilizados e estudos em andamento, em parceria com o Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-PE). Confira!

1. Diante da falta de consenso sobre a obrigatoriedade do uso das máscaras de proteção em locais fechados, qual é a importância da continuar a usá-las?

Renata Dalavia e Ana Paula Alcides: Diante das recentes medidas de algumas autoridades sanitárias em direção à flexibilização do uso de máscaras faciais em lugares abertos ou fechados, o Núcleo Técnico de Artigos de Saúde (NT-AS/INCQS/Fiocruz) considera necessário reiterar que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a pandemia ainda não chegou ao fim. Não podemos esquecer que o vírus se espalha por meio do contato próximo com pessoas sintomáticas ou assintomáticas e que ainda se observa mortalidade pela doença no Brasil.

Logo, a vacinação e a utilização de medidas não farmacológicas, tais como o uso de máscaras, distanciamento social e higienização das mãos, seguem sendo medidas fundamentais para a proteção.

De qualquer forma, mesmo onde foi recomendado o uso facultativo das máscaras, há a indicação de continuidade para pessoas imunodeprimidas (com o sistema imunológico enfraquecido), com comorbidades de alto risco, não vacinadas - inclusive crianças - e com sintomas de síndrome gripal.

Vale destacar que a Fiocruz considera importante o uso de máscaras em ambientes fechados associada à vacinação.

Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma Nota Técnica no dia 09/03/2022 para orientar sobre as medidas sanitárias aplicáveis aos aeroportos. Nos locais de acesso controlado, áreas de embarque e dentro das aeronaves, funcionários e viajantes devem obrigatoriamente usar este artigo de proteção individual, pois há grande trânsito de pessoas de diferentes origens, perfis epidemiológicos, índices de transmissão, coberturas vacinais e flexibilização de medidas. Já nas áreas aeroportuárias onde o acesso não é controlado, como saguão, estacionamentos etc, o uso de máscaras faciais deve seguir as recomendações das autoridades locais.

 

“Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),
a pandemia ainda não chegou ao fim.
Não podemos esquecer que o vírus se espalha por meio do contato próximo com pessoas sintomáticas ou assintomáticas e que ainda se observa mortalidade pela doença no Brasil.
Logo, a vacinação e a utilização de medidas não farmacológicas,
tais como o uso de máscaras, distanciamento social e
higienização das mãos,
seguem sendo medidas fundamentais para a proteção.”

 

2. Quais tipos de máscara são recomendados?

Renata Dalavia e Ana Paula Alcides: As recomendadas pelos especialistas para fazer frente às novas variantes do SARS-CoV-2 são as profissionais PFF2, KN95, N95, classificadas com as “mais protetoras possíveis” para prevenir as infecções pelo vírus.

O modelo cirúrgico ainda é indicado para a proteção da população, mas um estudo alemão mostrou que ele nem sempre vai permitir o ajuste adequado e, ainda de acordo com esta pesquisa, o uso correto impacta na transmissão. Máscaras com filtro FFP2 justas oferecem proteção 75 vezes maior do as cirúrgicas bem ajustadas.
Já as de tecido possuem baixa capacidade de filtração, não oferecendo a proteção mais adequada. Mas quando associadas a uma máscara cirúrgica, protegem mais.

3. Quais cuidados que os usuários devem ter no uso das máscaras?
Renata Dalavia e Ana Paula Alcides: Os usuários devem utilizar o melhor modelo disponível, ou seja, o modelo que ofereça a melhor filtração possível.

Este modelo também deve proporcionar conforto, pois uma máscara será menos eficaz se não se encaixar adequadamente ao rosto, se for usada incorretamente ou se for removida com frequência.

Além disso, deve possuir as medidas corretas para cobrir totalmente o nariz e a boca sem deixar espaços nas laterais e proporcionar boa vedação, essencial para a proteção respiratória.

4. Em que consiste o controle de qualidade das máscaras feito pelo INCQS/Fiocruz?

Renata Dalavia e Ana Paula Alcides: O INCQS trabalha com o objetivo de contribuir para questões científicas e tecnológicas relativas ao controle da qualidade de produtos, ambientes e serviços vinculados à vigilância sanitária.

Na avaliação são verificados alguns critérios estabelecidos nas normas técnicas e regulamentos vigentes, como a especificação de tamanho, número de camadas para máscaras cirúrgicas e identificações padronizadas e ajuste de tirantes em respiradores particulados N95. As informações de rotulagem também são avaliadas e devem estar em língua portuguesa e em acordo com os regulamentos de dispositivos médicos.

Neste momento, o Instituto não verifica a eficiência de filtração desses produtos.

Vale destacar que máscaras de panos, chamadas de não profissionais, não são consideradas dispositivos médicos e por este motivo não são avaliadas no Instituto.


“O INCQS trabalha com o objetivo
de contribuir para questões científicas e tecnológicas
relativas ao controle da qualidade de produtos, ambientes e serviços vinculado à vigilância sanitária.”


5. Que outras ações o INCQS/Fiocruz desenvolve relativas às máscaras de proteção individual?

Renata Dalavia e Ana Paula Alcides: O INCQS está desenvolvendo estudos para o estabelecimento de metodologias analíticas de controle de qualidade de máscaras cirúrgicas e respiradores particulados, em parceria com o Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-PE). Este permitirá avanços significativos, principalmente na verificação da eficiência de filtração desse produto, fato que permitirá que mais critérios sejam incorporados no controle da qualidade dos produtos