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Publicado em 10/05/2021.

Por Penélope Toledo (INCQS/Fiocruz)

Imagem de Divulgação

Os servidores do Departamento de Farmacologia e Toxicologia (DFT) do INCQS/Fiocruz: Taline Conde, Fausto Klabund Ferraris e Helena Zamith (servidora aposentada), participaram da publicação do artigo Gasoline-station workers in Brazil: Benzene exposure; Genotoxic and immunotoxic effects. O estudo, cuja autora principal é Katia Soares da Poça (INCA e Unirio), foi publicado no volume 865 da Revista “Mutation Research / Genetic Toxicology and Environmental Mutagenesis”.

O artigo aborda a exposição ocupacional de trabalhadores de postos de revenda de combustíveis, que é uma questão que tem gerando preocupação em diversos órgãos de saúde. Esses trabalhadores são expostos a uma gama de substâncias presentes nos combustíveis, dentre os compostos voláteis presentes na gasolina, o benzeno é classificado pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) como carcinógeno humano (Grupo 1), com evidências suficientes de aumento na incidência de leucemia em trabalhadores expostos a essa substância.

“O efeito carcinogênico do benzeno já está bem estabelecido para exposições de longo prazo. Os testes de genotoxicidade têm como objetivo identificar e estudar os efeitos de agentes físicos, químicos e biológicos capazes de produzir danos genéticos direta ou indiretamente. Resultados positivos nesses testes podem indicar que os agentes testados sejam potenciais mutágenos e carcinógenos para a espécie humana, sendo amplamente utilizados para avaliação de risco. O biomonitoramento de trabalhadores expostos a substâncias químicas é uma alternativa para avaliar a condição de saúde dos trabalhadores e os riscos para o desenvolvimento de câncer, possibilitando a tomada de medidas protetivas. O Teste Cometa em condições alcalinas e o Teste de Micronúcleo em células sanguíneas humanas são ensaios indicados para avaliar possíveis efeitos genotóxicos, como marcadores de exposições ambientais e ocupacionais a diversos agentes. Nosso setor contribuiu com esse estudo avaliando o dano ao DNA em células sanguíneas dos trabalhadores de postos de gasolina através do Ensaio Cometa. Nossos resultados demonstraram que os trabalhadores expostos apresentaram maior chance de danos ao DNA quando comparados ao grupo não exposto.”, explica Taline, responsável pelo Setor de Citotoxicidade e Genotoxicidade.

“A exposição crônica ao benzeno é um fator de risco para doenças hematológicas, como linfomas e leucemias. Nosso grupo contribuiu nesse estudo analisando, por citometria de fluxo, o perfil imunológico de trabalhadores expostos diretamente (frentistas) e indiretamente (atendentes das lojas de conveniência) a essas substâncias. Analisamos amostras de sangue de mais de 500 voluntários. Em nossos achados, detectamos uma diferença significativa no pefil de algumas populações de células do sistema imune dos frentistas, quando comparados aos atendentes das lojas de conveniência e ao grupo controle de não expostos (trabalhadores de escritório), mostrando um claro efeito imunotóxico gerado por essa atividade laboral.”, explica Fausto, que é chefe do Laboratório de Farmacologia do INCQS.

A pesquisa se iniciou quando a autora principal era pesquisadora visitante do Instituto, em 2012. É resultado de uma parceria entre INCQS, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) e a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), com financiamento da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).