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Publicado em 04/07/2019.
Por Penélope Toledo (INCQS/Fiocruz)

Imagem de Divulgação

Consciente da importância da vacinação para prevenir doenças e evitar a sua propagação em massa, o INCQS/Fiocruz sediou a roda de conversa Vacina, vacinação e ideologias, em 3 de julho. Promovido pela Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS), como parte da I Conferência de Promoção da Saúde da Fundação, o evento teve como objetivo discutir a queda nos índices de cobertura da vacinação no Brasil.

“Tomar vacina não é uma decisão individual e sim uma responsabilidade coletiva, pois as pessoas que não estão vacinadas podem adoecer e contribuir para uma epidemia”, explicou Pedro Prata, da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Foto: Eleonora Vasconcelos (INCQS/ Fiocruz)

Campanha nacional de vacinação contra o H1N1:

A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Carla Domingues, discorreu sobre a situação da campanha nacional de vacinação contra o H1N1, promovida pelo Ministério da Saúde (MS). Ela explicou que o objetivo foi reduzir a transmissão da doença e o número de casos de hospitalização e mortalidade, e que sua abrangência depende da possibilidade de produção das vacinas e da capacidade operacional de aplicação, priorizando as pessoas com maior risco de complicações graves.

Carla também destacou a resistência da população em vacinar as crianças, o que ocorre menos com relação aos idosos, mostrou dados estatísticos que evidenciam mais casos de epidemia nos locais com menor cobertura e mencionou as ações de enfrentamento às baixas coberturas vacinais, promovidas na campanha Movimento Vacina Brasil.

“A vacinação é uma ação preventiva, deve ser utilizada para evitar doenças, não só quando há casos de óbito”, declarou.

 

Situação do sarampo no Brasil: fatores determinantes de baixas coberturas vacinais:

O pesquisador Pedro Prata, da Ufba, discutiu alguns aspectos que influem na temática vacina e vacinação, tais quais custo e preço, qualidade e conformidade, religião, disseminação de fakenews, riscos, tecnologias, vacinação de rotina e controle na população, e mídia.

Ele apontou, ainda, que as baixas coberturas podem ser atribuídas aos seguintes fatores: concepção naturalista de imunidade, que defende que o próprio organismo se protege sozinho dos agentes patogênicos; a falta de memória das novas gerações das doenças infantis comuns no passado, que já foram total ou parcialmente erradicadas; a perda da credibilidade das instituições estatais, que gera o ceticismo com relação às vacinas públicas e às campanhas; as equivocadas estratégias de controle no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e o movimento anti-vacina.

“A origem do movimento anti-vacina foi a publicação de um artigo em 1998 - desmentido posteriormente - publicado na revista científica Lancet, que associava a vacina contra o sarampo ao autismo. Apesar da condenação de quem o publicou, o movimento tem crescido desde então”, contou.

Também foram abordadas questões como as zonas de exclusão provocadas pela proibição do acesso do Estado a determinados territórios, a necessidade de ação conjunta entre as esferas de governo e as secretarias de saúde, o reconhecimento mundial da cobertura e oferta do PNI e a necessidade da descoberta de um antígeno universal para gripe, dentre outras. 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: Pedro Paulo Gonçalves (INCQS/ Fiocruz)

 

Sobre o evento:

A reunião foi coordenada pelo pesquisador Eduardo Costa, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e teve a relatoria de Pedro Prata, da Ufba.

Participaram do evento profissionais do INCQS da área de vacinas e imunologia, pesquisadores da Fiocruz, dentre os quais, os ex-presidentes da Fundação, Akira Homma e Carlos Morel, e o diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), Maurício Zuma.

Eduardo Costa contou que por meio da discussão do texto do relatório, será aprofundado o debate de pautas sobre a situação de outras doenças imunopreveníveis, vacina e soberania nacional, vacinação e ideologias, estratégias de controle de doenças imuno-prevensíveis e o que falta para melhorar a cobertura vacinal.

A atividade foi antecedida por uma homenagem póstuma ao médico epidemiologista e professor da Ensp Carlos Hiroyuki Osanai.