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Publicado em 26/06/2019.
Por Penélope Toledo (INCQS/Fiocruz)

Imagem de Divulgação

O histórico e os padrões de comportamento de animais em experimentos laboratoriais, sobretudo os roedores, podem fornecer conhecimentos e informações para a investigação toxicológica do ser humano, conforme explicou o doutor em Ciências, Esdras Barbosa Garcia, na palestra O uso de testes comportamentais em pesquisas científicas como ferramenta para investigação toxicológica. A apresentação foi feita no INCQS/Fiocruz em 6 de junho, como parte da disciplina Seminários Avançados I, do Programa de Pós-Graduação em Vigilância Sanitária do (PPGVS).

“Costumo a dizer que os roedores e humanos são iguais. Mas não estou me focando essencialmente na questão genética e pelo fato de 88 % do genoma humano ser equivalente ao do camundongo. Esses animais, assim como nós, exibem comportamentos como gula, tristeza, depressão, medo, raiva e aversão”, explicou o palestrante.

Em sua apresentação, Esdras abordou experimentos que evidenciam a semelhança do comportamento entre os roedores e os humanos, tais quais o enriquecimento ambiental, que consiste na oferta de objetos atrativos para o animal (rodas, túneis, bolas etc.), que tendem a torná-lo mais dinâmico, ativo e feliz; o sistema aversivo, relacionado a emoções como o medo dos felinos (especificamente, o cheiro da urina dos gatos) e, por consequência, sua aversão a eles; e o comportamento de liderança na colônia de ratos.

Também discorreu sobre os testes comportamentais usados para a investigação de substâncias potencialmente tóxicas, que comparam as reações e alterações cognitivas ao administrar substâncias como filtro solar OMC (octil metoxi cinamato) com relação aos animais do grupo óleo de milho (controle negativo).

São eles: labirinto em Y, em que são colocados um camundongo fêmea branco, um macho branco e um macho preto em cada ponta, para avaliação da predileção sexual entre linhagem igual ou diferente; o labirinto em cruz elevado e o labirinto claro x escuro, que analisam a depressão e o estado de ansiedade de acordo com sua preferência entre as braços fechados/escuros (mais ansioso) ou abertos/claros (ansiolítico); o labirinto aquático de Morris, que consiste em uma piscina com uma plataforma de escape camuflada submersa na água para que o roedor saia, referindo-se aos processos de aprendizagem e memória; o labirinto radial, composto por oito braços, dos quais em quatro há aperitivos (reforços positivos) para avaliar aspectos cognitivos; o campo vazado (caixa com orifícios) e o campo aberto onde são avaliadas a hiperatividade, busca por novidade, depressão e estado de ansiedade; e o teste da sacarose, que analisa a predileção pela mamadeira com água normal ou com água e sacarose (açúcar), ensaio utilizado para avaliação da depressão dos roedores.