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Publicado em 05/05/2019.
Por Penélope Toledo (INCQS/Fiocruz)

Imagem de Divulgação 

Engajado em melhorar a experiência da população LGBTTTQI+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros, queers, intersexuais e outras identidades) no Instituto e em evitar casos de preconceito, o INCQS/Fiocruz capacitou seus profissionais sobre como melhorar o atendimento a este público, em 31 de maio. A capacitação foi promovida pela Comissão Interna de Respeito à Diversidade, com o apoio do Comitê Fiocruz Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz.

A apresentação foi feita pelo analista de Gestão de Recursos Humanos do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Bruno Vantine, juntamente com a educadora comunitária do Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz), Bianka Fernandes e com a tecnologista em Saúde Médica do Trabalho no Núcleo de Saúde do Trabalhador da Fiocruz (Nust), Flávia Lessa.

Na capacitação foram apresentados os principais conceitos relacionados a identidade de gênero, orientação sexual, sexo biológico e expressão de gênero. Também foram trocados aprendizados e vivências; informações históricas e contextuais; e esclarecidas dúvidas como o cuidado com palavras que na comunidade LGBTTTQI+ possam ter outro significado, uso do nome social e do nome de registro constante nos documentos de identidade, indicação de banheiros etc.

“Em caso de dúvida, pergunte. Pergunte como a pessoa quer ser chamada ou qual banheiro (masculino ou feminino) ela se sente melhor utilizando, por exemplo. Mostre que você não sabe e não é vergonha não saber, mas que quer que ela se sinta bem”, explicou Bruno.

Ele também esclareceu os conceitos da sigla LGBTTTQI+ (abaixo) e que a sequência tem a ver com questões políticas, de forma que as lésbicas vêm em primeiro por sofrerem duplo preconceito: serem homossexuais e mulheres. No caso dos T’s, as travestis vêm antes, pois grande parte da luta nas ruas por direitos e contra os preconceitos foi travada por elas – que, inclusive, são uma identidade que existe exclusivamente no Brasil.

Os palestrantes abordaram, ainda, o preconceito, a forma estereotipada com que algumas identidades de gênero são apresentadas socialmente, o quanto a localização social da pessoa (condição socioeconômica, papel social etc) atenua ou intensifica a discriminação e a necessidade da equidade, isto é, a igualdade de direitos levando em consideração as diferenças biológicas e sociais, e as diferenças de necessidades.

“As pessoas precisam ter empatia, se colocar no lugar das outras”, declarou Bianka, que é mulher transexual. E completou:

“O treinamento no INCQS foi maravilhoso, divertido e muito humanizador! Foi umas das melhores turmas da Fiocruz. Acho que conseguimos fazer diferença”.

Participaram do curso os profissionais que lidam diretamente com o público, tais quais os trabalhadores de portaria, serviços gerais, Programa de Pós Graduação em Vigilância Sanitária (PPGVS), Serviço de Gestão do Trabalho (SGT) e da Assessoria de Comunicação Social (ACS).

 

Entenda alguns conceitos:

- identidade de gênero = como a pessoa se enxerga;

- orientação sexual = com quem a pessoa se relaciona;

- sexo biológico = características sexuais (cromossomos, órgãos genitais) de nascimento;

- expressão de gênero = forma como a pessoa se apresenta, sua aparência e seu comportamento, de acordo com expectativas sociais de aparência e comportamento de um determinado gênero. Depende da cultura em que a pessoa vive;

- lésbicas = gênero feminino, se relacionam com o mesmo gênero;

- gays = gênero masculino, se relacionam com o mesmo gênero;

- bissexuais = gênero feminino ou masculino, se relacionam simultaneamente com o mesmo gênero e com o gênero oposto;

- travestis = vivenciam papéis de gênero feminino, mas não se reconhecem homem ou mulher, entendendo-se como integrantes de um terceiro gênero ou de um não-gênero. Referir-se a ela, sempre no feminino, o artigo “a” é a forma respeitosa de tratamento;

- transexuais = se identificam com um gênero diferente do qual foram designadas ao nascer, podem se relacionar com o mesmo gênero ou com o gênero oposto;

- transgêneros = se identificam com um gênero diferente do qual foram designadas ao nascer e passaram por transição de gêneros, podem se relacionar com o mesmo gênero ou com o gênero oposto;

- queers = não se enquadram na lógica binária de gênero (masculino ou feminino) e não aceitam ser rotuladas. Alguns movimentos desta categoria evitam usar o ‘Q’ na sigla, por se tratar de uma identidade de gênero que parece fazer mais sentido no contexto dos grandes centros urbanos dos países centrais;

- intersexuais = têm simultaneamente características sexuais (cromossomos e/ou órgãos genitais) masculinas e femininas ou não é possível definir com base nos marcadores sexuais. Antigamente eram denominados ‘hermafroditas’; 

- + = simbolismo para outras possibilidades, dado que a diversidade humana é infinita;

- andrógina = Termo no qual se denomina a pessoa que não se enquadra em nenhuma expressão de gênero, não tem relação com sexualidade; 

- heteronormatividade = opressão do estereótipo heterossexual e marginalização das orientações sexuais diferentes.