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Publicado em 12/09/2018.

Por Maria Fernanda Romero (INCQS/ Fiocruz)


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Foto: Pedro Paulo Gonçalves (INCQS/ Fiocruz)

O Brasil como um todo, em especial as regiões metropolitanas, vive em um verdadeiro “apartheid social”, tornando assim, impossível o controle dos vírus transmissores de doenças infecciosas com as ferramentas atualmente disponíveis. A afirmação foi feita na manhã desta quarta-feira (12) por Rivaldo Venâncio, professor titular da UFMS e coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz. O infectologista palestou sobre os riscos e possibilidades de doenças infecciosas emergentes e reemergentes durante o evento de celebração do 37º aniversário do INCQS.

 
De acordo com Rivaldo Venâncio, os conhecimentos científicos sobre a maioria das doenças infecciosas emergentes e reemergentes (DIER) ainda estão em construção, entretanto há fatores que potencializam a emergência dessas doenças. Dentre eles, estão: as elevadas temperatura e umidade relativa do ar; alta densidade populacional; urbanização desordenada; coleta de resíduos sólidos deficiente; fornecimento irregular de água potável; fluxo intenso de pessoas e produtos; e violência urbana.
 
Rivaldo comentou sobre a reemergência da febre amarela silvestre entre 2016 e 2018. "Foram 1.575 casos humanos de febre amarela confirmados de 1980 a 2017 no Brasil. Em 2017, apenas o Laboratório de Patologia do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) da Fiocruz fez cerca de 14.500 exames", pontuou.
 
Ele falou sobre a epidemia de chikungunya no nordeste do país entre 2016 e 2017, relembrando que ainda este ano tiveram casos de epidemia da doença no Rio de Janeiro, Mato Grosso e Minas Gerais. O infectologista abordou ainda sobre a epidemia de sarampo na região norte este ano.
 
"As epidemias são graves problemas de saúde pública, cujas origens e soluções (definitivas) estão fora do setor de saúde. Sem novos aportes tecnológicos, essas epidemias continuarão ocorrendo, independentemente da vontade das autoridades sanitárias", concluiu.